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Isso nos indica que a natureza é composta de binários, o conjunto de duas polaridades opostas, como nos casos:Marido e mulher
Alta e baixa
Luz e sombra
Calor e frio
O terceiro elemento de Aleph, a barra transversal, nos indica a necessidade de buscar o terceiro elemento capaz de neutralizar estes binários e transformá-los em uma unidade, que é o número da primeira carta do Tarô. No caso de luz e sombra se coloca a penumbra, obtendo assim graus de iluminação. Entre calor e frio existem as temperaturas intermediárias. Para alta e baixa temos a média. Entre marido e mulher, onde existe um antagonismo sexual, a neutralização é dada pelo filho e os três elementos se fundem num só, a família.
O termo médio possui assim uma construção dual, uma característica aos dois termos extremos. Porém nem todos os binários podem ser facilmente neutralizados. Podemos neutralizar, por exemplo, o binário essência-substância pelo termo natureza. Mas não é fácil neutralizar os binários:
Espírito e matéria
Vida e morte
Bem e mal
Consciência e poder de realização
O poder de neutralizar esses binários é feito através da chamada Iniciação. Por analogia com os binários neutralizados podemos chegar à solução dos demais, através do que podemos chamar de Poder de Realização do Símbolo no mundo metafísico-lógico.
Para neutralizarmos o binário espírito / matéria devemos nos lembrar que o homem espiritualmente vive no plano das idéias e se expressa no plano físico ou material. Assim, no nosso esforço de iniciação devemos ver como se passa do plano das idéias para o plano dos objetos, segundo um esquema:
Espírito – energia – matéria
Idéias – formas – objetos materiais
O plano intermediário corresponde ao astral, enquanto que os extremos são o mental e o físico.
Devemos lembrar que o uso da analogia não se limita apenas ao ocultismo, sendo universal, porque nem a filosofia, nem a teologia e nem a ciência podem prescindir dela. O papel da analogia na lógica, que é a base da filosofia e das ciências pode ser sintetizado no argumento do famoso economista da primeira metade do século XX, John Maynard Keynes, em seu livro “A Treatise on Probability”, quando diz:
“O método científico tem como objetivo descobrir os meios de elevar o alcance da analogia conhecida até que ela possa, na medida do possível, dispensar o método da indução pura.”
A indução pura se fundamenta na simples enumeração, sendo essencialmente uma conclusão tirada dos dados ou informações estatísticas da experiência.
Para Keynes, o ideal da ciência é encontrar meios para ampliar o alcance da analogia conhecida até que ela possa dispensar o método hipotético da indução pura. Ou seja, até que ela possa transformar o método científico em analogia pura, baseada na experiência pura, sem elementos hipotéticos imanentes ou inerentes na indução pura.
Já, São Tomás de Aquino propunha a doutrina da analogia do ser (analogia entis), que é a chave principal de sua filosofia.
Em outras palavras, podemos dizer que “Aleph” sintetiza ensinamentos necessários para a iniciação e o conhecimento de Deus.
“Aleph” é o símbolo da unidade, do princípio e, por conseguinte, da potência, da continuidade, da estabilidade e da equanimidade. É também o centro espiritual onde irradia o pensamento, estabelecendo uma relação entre os mundos superiores e inferiores pelo Vav (barra transversal) que liga dois Yod (superior e inferior). Pelo seu valor 1, é o emblema do Pai Manifestado que está por trás de todas as Manifestações.
Em cima, um Yod na posição correta, em baixo um Yod ao contrário, um Vav para reunir estas duas letras. Observamos imediatamente uma relação de simetria e de inversão entre estes dois Yod.
Yod em cima representa a Realidade para além da natureza, o mundo espiritual abstrato, puro. O céu anterior do Tao.
Yod em baixo é a réplica do mundo de cima, mas invertido. No mundo inferior, reconheço o mundo de cima e as suas leis, pelo ensino das homologias e da inversão. O céu posterior, o plano da matriz.
O Yod de cima olha pela sua ponta o mundo espiritual. O Yod de baixo faz exatamente o inverso. As águas de cima refletem-se nas águas de baixo.
Os dois lados simétricos são separados pela dualidade do homem. Mas este Vav que serve para separar, por outro lado, reúne e permite a comunicação entre o espiritual e o material, que finalmente são o reflexo um do outro e se fazem um.
No início das cruzadas, a influência da corrente gnóstica das escolas do Oriente Médio, serviu de inspiração para vários expedicionários cruzados que formaram uma das mais poderosas Egrégrogas da época – os Cavaleiros Templários. Para eles o ponto acima do Yod era constituído pelo ideal de criar um império universal perfeito e equilibrado em todos os sentidos ou planos. Este formidável esquema incluía todos os sonhos, entre os quais coibir os abusos do poder papal, elevar e aperfeiçoar todas as classes da sociedade humana e acabar com todas as lutas e disputas armadas. Era o sonho da realização do Reino de Deus na Terra, acalentado por homens inteligentes e almas cunhadas no cavalheirismo.
O elemento Yod ,segundo alguns autores, era constituído pelos ensinamentos de Hermes Trimegistos (divindade do hermetismo), baseado na influência do gnosticismo.
Já o elemento Vau dos Templários era constituído pelo culto de “Baphomet“. Para realizar seus ideais, contavam criar com os impulsos volitivos da Corrente um poderoso turbilhão astral. Assim, nas suas cerimônias secretas, um importante papel era desempenhado por uma estátua em forma de um bode representando “Baphomet”, símbolo do turbilhão astral “Nahash”, do Arcano XV do Tarô, o Diabo.
A Ordem dos Templários formou-se em 1118, sendo dissolvida em 1307, com o fim trágico do seu Grão Mestre Jac de Molay e de seus íntimos colaboradores perseguidos e assassinados.
Paralelamente ao aparecimento dos Templários, surgiram outras duas ordens na Europa: a primeira foi a Hermética, que aspirava realizar a Grande Obra, e a dos Maçons Livres, que professavam o culto do seu trabalho, preservando na arquitetura o simbolismo tradicional. Estes últimos eram os construtores das catedrais góticas.
Essas duas correntes aproximaram-se criando associações compostas de dois tipos de elementos: trabalhadores no plano mental e trabalhadores no plano físico. O elo de ligação estava no plano astral, o mundo dos símbolos iniciáticos tradicionais, traduzidos pelo trabalho dos hermetistas e expressos em forma acessível aos sentidos pelo trabalho dos Maçons.
Os Maçons Livres, oficialmente reconhecidos pelo Papa em 1277, decidiram posteriormente acolher e aceitar como irmãos os Cavaleiros Templários sobreviventes, que se tornaram assim conhecidos como Maçons Aceitos.
As grandes Egrégroras não se dissolvem facilmente devido a um desastre no plano físico. Mesmo sem ponto de apoio terreno, contam com a possibilidade de purificação e aperfeiçoamento no plano astral. As “cascas” que se formaram dos erros de seus adeptos no plano físico, se dissolvem permitindo que uma luz interna de pureza apareça com maior intensidade. Daí poder-se dizer que a Egrégora Templária purificou-se no astral durante cerca de 80 anos, permitindo o nascimento na terra do movimento Rosa Cruz.
A palavra Egrégrora provém do grego “egregorien”, que significa velar ou cuidar e designa a força gerada pelo somatório de energias físicas, emocionais e mentais de duas ou mais pessoas, quando se reúnem com qualquer finalidade, para a realização de um objetivo comum. Em outras palavras, é a atmosfera coletiva plasmada espiritualmente num certo ambiente ou a atmosfera psíquica resultante da reunião de pessoas, decorrente do somatório dos pensamentos, sentimentos e energias de um grupo de pessoas voltado para a produção de climas, em geral, virtuosos. Provavelmente foi por isso que Jesus ensinou: "Onde houver dois ou mais em meu nome, aí eu estarei."
O que os criadores das egrégoras perceberam e que nós aprendemos no estudo do ocultismo é que podemos usar essas forças para manipular pessoas e o comportamento da própria sociedade. A propaganda e a publicidade empregam várias das técnicas de magia do ocultismo para atingirem seus objetivos. As próprias religiões utilizam símbolos para congregar as pessoas em seu entorno e sabem que a canalização da mente de um grupo de pessoas voltadas para um objetivo comum, como no caso de pessoas rezando para obter determinada graça num culto religioso, têm uma força paranormal muito forte, aumentando a probabilidade de alcançarem o que se quer obter.
NOTAS:
1. Gnosticismo, tem por origem etimológica o termo grego "gnosis", que significa "conhecimento". designa o movimento histórico e religioso cristão que floresceu durante os séculos II e III, cujas bases filosóficas eram as da antiga Gnose (palavra grega que significa conhecimento), com influências do neoplatonismo e dos pitagóricos. Este movimento reivindicava a posse de conhecimentos secretos (a "gnose apócrifa", em grego) que, segundo eles, os tornava diferentes dos cristãos alheios a este conhecimento. Originou-se provavelmente na Ásia menor, e tem como base as filosofias pagãs, que floresciam na Babilônia, Egito, Síria e Grécia. O gnosticismo combinava alguns elementos da Astrologia e mistérios das religiões gregas, mistérios de Elêusis, bem como os do Hermetismo, com as doutrinas do Cristianismo. Em seu sentido mais abrangente, o Gnosticismo significa "a crença na Salvação pelo Conhecimento".
2. Egrégora designa a força gerada pelo somatório de energias físicas, emocionais e mentais de duas ou mais pessoas, quando se reúnem com qualquer finalidade.
3. Hermetismo é o estudo e prática da filosofia oculta e da magia associados a escritos atribuídos a Hermes Trismegisto, uma deidade sincrética que combina aspectos do deus grego Hermes e do deus egípcio Thot. São sete as principais leis herméticas, estas se baseiam nos princípios incluídos no livro "O Caibalion, que reúne os ensinamentos básicos da Lei que rege todas as coisas manifestadas. A palavra Caibalion seria um derivado grego da mesma raiz da palavra Cabala hebraica. O livro descreve as seguintes leis herméticas: Lei do Mentalismo: "O Todo é Mente; o Universo é mental." - Lei da Correspondência: "o que está fora é o reflexo do que está dentro". - Lei da Vibração: "Nada está parado, tudo se move, tudo vibra". - Lei da Polaridade: "Tudo é duplo, tudo tem dois polos, tudo tem o seu oposto. O igual e o desigual são a mesma coisa. Os extremos se tocam. Todas as verdades são meias-verdades. Todos os paradoxos podem ser reconciliados" - Lei do Ritmo: "Tudo tem fluxo e refluxo, tudo tem suas marés, tudo sobe e desce, o ritmo é a compensação". - Lei do Gênero: "O Gênero está em tudo: tudo tem seus princípios Masculino e Feminino, o gênero manifesta-se em todos os planos da criação". - Lei de Causa e Efeito: "Toda causa tem seu efeito, todo o efeito tem sua causa, existem muitos planos de causalidade mas nenhum escapa à Lei".
Referências bibliográficas:
1. MEBES, G. O. Os Arcanos Maiores do Tarô – Curso de enciclopédia do ocultismo. Editora Pensamento. São Paulo.
2. AUTOR ANÔNIMO. Meditações sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô. 6ª edição. Editora Paulus. São Paulo, 2010.
3. Nichols, Sallie. Jung e o Tarô – Uma jornada arquetípica. 10ª edição. Editora Cultrix. São Paulo, 1995.
BOM DIA! SOU LEITORA ASSIDUA DO SEU BLOG, PARABENS!
ResponderExcluirABRAÇOS